quinta-feira, 11 de maio de 2023

Psicoterapia e Meditação podem coexistir em um tratamento?



Para falar sobre isso é necessário compreender os conceitos e utilidade de ambas.

A Psicoterapia é uma ára da saúde que corresponde a um tratamento com metodologia e propósito psicológicos, podendo ser abordada sob diversos métodos onde um profissional da saúde qualificado realiza um processo que envolve a realização de sessões entre este e um paciente com o objetivo de ajudar o paciente a entender seus problemas, lidar com eles e encontrar soluções.

A psicoterapia pode alterar o cérebro de várias maneiras como aumentar o tamanho do córtex pré-frontal, que é responsável por funções cognitivas, como a tomada de decisões, a memória de curto prazo e o controle emocional; aumentar a conexão entre regiões do cérebro, aumentar a atividade cerebral, aumentar a produção de neurotransmissores e até mesmo aumentar a produção de novas células cerebrais.

Ainda, estudos sugerem que a Psicoterapia pode alterar o processo bioquímico do indivíduo. A Neurociência atual considera os efeitos neurobiológicos da psicoterapia como os mais relevantes, sendo a Psicologia a área de atuação que possibilitará as intervenções psicoterapêuticas mais adequadas a cada caso, visando a normalização das atividades neurais prejudicadas ou mesmo com as limitações buscar a melhor ação para a qualidade de vida e bem-estar, e assim, trazer a redução dos sintomas, além de desenvolver habilidades de enfrentamento para lidar com a ansiedade e o estresse e outros desafios da vida, por exemplo.

Importante ressaltar, que esta ação demanda apoio especializado de um Psicólogo com conhecimento técnico, ou seja, um profissional capacitado e inserido no órgão regulador (CRP – Conselho Regional de Psicologia) para garantir o melhor tratamento, segurança e confiança do indivíduo, e principalmente, evitar novos prejuízos que possam potencializar os danos e traumas já presentes. Uma vez que, os resultados da psicoterapia dependem de vários fatores, incluindo o tipo de terapia, o nível de comprometimento do paciente e o relacionamento entre o terapeuta e o paciente.

Por fim, deve-se orientar a buscar por este apoio especializado em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) ou Centro de saúde mais próximo, tendo em vista ser a porta de entrada para o cuidado em saúde no território brasileiro.

Já no que concerne à Meditação, esta é uma prática milenar para alcançar a paz interior, o relaxamento profundo e um estado de consciência mais elevado. O objetivo é conectar mente, corpo e espírito; onde o cérebro desempenha importante papel, por ser responsável no controle das respostas do corpo aos estímulos externos, permitindo que se concentre em uma única tarefa, a chamada “âncora”, como a respiração ou uma visualização, por exemplo; contribuindo para o controle emocional, para reduzir o estresse e aumentar a concentração. 

Senão vejamos:

O relaxamento profundo, leva o cérebro a um estado alfa onde as ondas cerebrais ficam em baixa frequência, contribuindo para reduzir o estresse e produzir menos cortisol. Além disso, ajuda a aumentar a produção de dopamina, o que atua na relação de satisfação, prazer, compensação e motivação. Ainda, contribui para aumentar a produção de serotonina, que melhora o humor e reduz o estresse, atuando também na redução na produção de cortisol, o hormônio que atua diretamente sobre as relações com a ansiedade, depressão e o estresse.

Ao aumentar a conexão entre o cérebro direito e esquerdo, a prática melhora a capacidade de processar informações, a memória, a concentração e a capacidade de aprender, pois atua na regulação da atividade no córtex pré-frontal que é a parte do cérebro responsável pelo pensamento racional, planejamento e tomada de decisões.

No que se refere à amídala, que tem importante função nas respostas emocionais como o medo e a ansiedade, a meditação proporciona redução progressiva de sua atividade, trazendo bem-estar emocional e ajudando a reduzir a ansiedade. Com tudo isso, aumenta a conexão entre o cérebro e o corpo, proporcionando um bom funcionamento cerebral, o que melhora a saúde física, mental e consequentemente sobre o comportamento de maneira positiva.

Existem diversas maneiras de praticar a meditação, acolhendo todos as pessoas, podendo ser ativa (de movimento) ou passiva, de respiração, de visualização, de atenção plena (Mindfulness), dentre outras. 

Importante ressaltar que a Meditação é uma PICS - Prática Integrativa e Complementar em Saúde (para saber sobre PICS acesse aqui!)devidamente regulamentada pela Política Nacional das Práticas Integrativas e Complementares na Saúde, ou seja, pode complementar ou integrar um outro tipo de trabalho a ser realizado para os fins de promoção e manutenção da saúde, que é o caso em questão:

 

Meditação: procedimento que foca a atenção de modo não analítico ou discriminativo, promovendo alterações favoráveis no humor e no desempenho cognitivo.

 O importante é encontrar a técnica que melhor se adapta às necessidades do indivíduo. No entanto, é necessário a prática regular.👉 Logo nas primeiras práticas é possível sentir seus efeitos de calma e relaxamento, mas sugere-se de 6 a 8 semanas para verificar os resultados na plasticidade neural.

Então, Psicoterapia e Meditação, a questão que surge é: 

Psicoterapia e Meditação podem coexistir em um tratamento? 

Ao compreender os conceitos e utilidade de ambas acima colocadas, podemos considerar que na Psicoterapia o profissional da saúde realiza um tratamento, um trabalho focado em determinadas especificidades em saúde mental, sobre as emoções e a personalidade, bem como, sobre traumas, desenvolvimento pessoal e humano. 

Podendo atuar nestas mesmas questões, no entanto de maneira Integrativa e Complementar ao tratamento psicoterápico, temos a Meditação que leva o indivíduo a um estado de consciência alterado, que o dirige para o autoconhecimento e a uma amplitude de seus pensamentos, percepções, sensações e emoções.

Logo, juntas podem ser interessantes aliadas, mas requer cautela e atenção, visando a responsabilidade de todos os envolvidos e a qualidade dos serviços, sempre por profissionais devidamente capacitados tanto na Psicoterapia como na Meditação, para evitar novos prejuízos ao indivíduo.

Vou deixar disponível toda referência bibliográfica do conteúdo para quem se interessar se aprofundar.

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Referência Bibliográfica:

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3ª. Ed. Porto Alegre. Artmed. 2019. Editora Artes Médicas do Sul.

FOLQUITTO, Camila Tarif F.; GARBARINO, Mariana I.; SOUZA, Maria Thereza Costa Coelho de. Psicologia do Desenvolvimento - Teorias e Práticas Contemporâneas. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023..

NOLEN-HOEKSEMA, Susan; FREDRICKSON, Barbara L.; LOFTUS, Geoff; WAGENAAR, Willen A. Introdução à Psicologia – Atkinson & Hilgard: Tradução da 16ª edição norte-americana. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2017.

PERES, Júlio FP, NASELLO, A.G. Psicoterapia e Neurociências: um encontro frutífero e necessário. PEPSI - Periódicos Eletrônicos da Psicologia. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872005000200003>, Acesso em 19 de Março de 2023.

SAÚDE, Ministério. Legislação PNPIC. 2022. Disponível em <https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/pnpic/legislacao-pnpic>. Acesso em 19 de março de 2023. 

SAÚDE, Ministério. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS: Atitude de ampliação de acesso. Brasília/DF. 2015. 2ª.Edição. Página 81. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_2ed.pdf>. Acesso em 19 de março de 2023. 

STRAUB, Richard O. Psicologia da saúde. Porto Alegre: Grupo A, 2014.

TURBIANI, Renata. Mindfulness tem mesmo efeito que remédio no tratamento de ansiedade, sugere estudo. Negócios: Ciência e Saúde. 2022. Disponível em <https://epocanegocios.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2022/11/mindfulness-tem-mesmo-efeito-que-remedio-no-tratamento-de-ansiedade-sugere-estudo.ghtml>. Acesso em 19 de março de 2023.

  



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