Para falar sobre isso é necessário compreender os conceitos e utilidade de ambas.
A Psicoterapia é uma ára da saúde que corresponde a um tratamento com metodologia e propósito psicológicos, podendo ser abordada sob diversos métodos onde um profissional da saúde qualificado realiza um processo que envolve a realização de sessões entre este e um paciente com o objetivo de ajudar o paciente a entender seus problemas, lidar com eles e encontrar soluções.
A psicoterapia pode alterar o cérebro de várias
maneiras como aumentar o tamanho do córtex pré-frontal, que é responsável por
funções cognitivas, como a tomada de decisões, a memória de curto prazo e o
controle emocional; aumentar a conexão entre regiões do cérebro, aumentar a
atividade cerebral, aumentar a produção de neurotransmissores e até mesmo
aumentar a produção de novas células cerebrais.
Importante ressaltar, que esta ação demanda
apoio especializado de um Psicólogo com conhecimento técnico, ou seja, um profissional capacitado e inserido no órgão regulador
(CRP – Conselho Regional de Psicologia) para garantir o melhor tratamento,
segurança e confiança do indivíduo, e principalmente, evitar novos prejuízos
que possam potencializar os danos e traumas já presentes. Uma vez que, os
resultados da psicoterapia dependem de vários fatores, incluindo o tipo de
terapia, o nível de comprometimento do paciente e o relacionamento entre o
terapeuta e o paciente.
Já no que concerne à Meditação, esta é uma prática milenar para alcançar a paz interior, o relaxamento profundo e um estado de consciência mais elevado. O objetivo é conectar mente, corpo e espírito; onde o cérebro desempenha importante papel, por ser responsável no controle das respostas do corpo aos estímulos externos, permitindo que se concentre em uma única tarefa, a chamada “âncora”, como a respiração ou uma visualização, por exemplo; contribuindo para o controle emocional, para reduzir o estresse e aumentar a concentração.
Senão vejamos:
O relaxamento profundo, leva o cérebro a um
estado alfa onde as ondas cerebrais ficam em baixa frequência, contribuindo
para reduzir o estresse e produzir menos cortisol. Além disso, ajuda a aumentar
a produção de dopamina, o que atua na relação de satisfação, prazer,
compensação e motivação. Ainda, contribui para aumentar a produção de
serotonina, que melhora o humor e reduz o estresse, atuando também na redução
na produção de cortisol, o hormônio que atua diretamente sobre as relações com a ansiedade, depressão e o estresse.
Ao aumentar a conexão entre o cérebro direito e
esquerdo, a prática melhora a capacidade de processar informações, a memória, a
concentração e a capacidade de aprender, pois atua na regulação da atividade no
córtex pré-frontal que é a parte do cérebro responsável pelo pensamento
racional, planejamento e tomada de decisões.
No que se refere à amídala, que tem importante
função nas respostas emocionais como o medo e a ansiedade, a meditação
proporciona redução progressiva de sua atividade, trazendo bem-estar emocional
e ajudando a reduzir a ansiedade. Com tudo isso, aumenta a conexão entre o
cérebro e o corpo, proporcionando um bom funcionamento cerebral, o que melhora
a saúde física, mental e consequentemente sobre o comportamento de maneira
positiva.
Existem diversas maneiras de praticar a meditação, acolhendo todos as pessoas, podendo ser ativa (de movimento) ou passiva, de respiração, de visualização, de atenção plena (Mindfulness), dentre outras.
Importante ressaltar que a Meditação é uma PICS - Prática Integrativa e Complementar em Saúde (para saber sobre PICS acesse aqui!)devidamente regulamentada pela Política Nacional das Práticas Integrativas e Complementares na Saúde, ou seja, pode complementar ou integrar um outro tipo de trabalho a ser realizado para os fins de promoção e manutenção da saúde, que é o caso em questão:
Meditação: procedimento que foca a atenção de modo não analítico ou discriminativo, promovendo alterações favoráveis no humor e no desempenho cognitivo.
Então, Psicoterapia e Meditação, a questão que surge é:
Psicoterapia e Meditação podem coexistir em um tratamento?
Ao compreender os conceitos e utilidade de ambas acima colocadas, podemos considerar que na Psicoterapia o profissional da saúde realiza um tratamento, um trabalho focado em determinadas especificidades em saúde mental, sobre as emoções e a personalidade, bem como, sobre traumas, desenvolvimento pessoal e humano.
Podendo atuar nestas mesmas questões, no entanto de maneira Integrativa e Complementar ao tratamento psicoterápico, temos a Meditação que leva o indivíduo a um estado de consciência alterado, que o dirige para o autoconhecimento e a uma amplitude de seus pensamentos, percepções, sensações e emoções.
Logo, juntas podem ser interessantes aliadas, mas requer cautela e atenção, visando a responsabilidade de todos os envolvidos e a qualidade dos serviços, sempre por profissionais devidamente capacitados tanto na Psicoterapia como na Meditação, para evitar novos prejuízos ao indivíduo.
Vou deixar disponível toda referência bibliográfica do conteúdo para quem se interessar se aprofundar.
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FOLQUITTO, Camila Tarif
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